Por favor parem o Universo!Quero apear-me!Quero fugir desta tristeza, esquecer que não pertenço a este lugar.
O mar é o meu mundo,é junto dele que sou feliz!Olho o imenso azul ao anoitecer, enquanto a Baía reacende numa paisagem que me é querida, encantando a noite ao som das gaivotas..
O último dia, as caras,os sentimentos a martelar dentro de nós, intocáveis, a despedida,dura e indesejada, o virar costas e a solidão. Parto sem olhar para trás, enquanto a saudade se espalha pelo meu ser... Sei que voltarei aquele lugar, mas até esse dia chegar,sofro, o meu corpo e a minha alma unem as suas lágrimas e choram,sem parar.
Aguento a distância através das minhas memórias: recordo o cheiro do meu mar, a sua imensidão e a sua junção com o céu no horizonte, recordo o cantar das gaivotas, à procura do peixe que se esconde; recordo a areia nos meus pés descalços, suave e clara; e recordo aqueles que me são especiais, as suas gargalhadas, a sua companhia e a sua amizade.
Recordo tudo isto com uma intensidade tal que por momentos sinto que estou lá.
Sinto o vento a bater no meu vestido,emaranhando o meu cabelo, sinto a suavidade da areia nos meus pés, sinto o cheiro do mar, e sei que ele se encontra a poucos passos do sítio onde estou,sinto em cada sentido que o meu corpo tem, o chamamento do mar, convidando-me para me juntar a ele.
Passo a passo, vou até ao mar, desfrutando, sentindo com emoção, cada onda que me molha os pés, cada gota de água salgada que se entranha na minha pele,e inspiro,serenamente, o cheiro a maresia.
Por favor, não parem o Universo! Chegou o dia de lá voltar, e sentir este labirinto de sensações, verdadeiramente.